quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Jogatina

Aproveitando um momento de egopress – dei uma entrevista para o Portal Literal sobre literatura e videogames que pode ser lida aqui – uma rápida recapitulação do que venho jogando - atividade que comeu, nesse ano, parte do tempo que eu dedicava a ver filmes.


Red Dead Redemption: tem rendido bons momentos de contemplação – dia desses passei uns quarenta minutos em cima do trem só circulando pelo imenso cenário e observando a paisagem. Como acontece em muitos jogos de mundo aberto, as sidequests são tantas que quase esqueço de jogar a história principal. Coincidentemente, casei o jogo com a leitura de A Travessia, do Cormac McCarthy, e isso tem ajudado bastante no clima de ambos.

Uncharted 2: Among Thieves se converteu no meu jogo favorito de PS3. Tem razão o Tony quando disse que o jogo é tudo o que o quarto filme do Indiana Jones deveria ter sido, amplio a afirmação pra dizer que o jogo é tudo que o cinema americano de entretenimento deveria ser e não é. Um raro caso de roteiro que sabe usar os clichês e lugares-comuns do gênero de aventura pulp de modo interessante e original. Considerando que este ano os blockbusters de verão foram particularmente ruins, talvez o ano mais fraco da década (e levando em conta que a média nunca é muito alta), já dá pra dizer que o cinema de ação morreu e ressuscitou nos games? Uncharted é divertido de um modo original, é entretenimento antes do próprio conceito de entretenimento ser corrompido por filmes de ação toscos do Jerry Bruckheimer, livros do Dan Brown ou música pop chiclete.
Também é um dos jogos mais bonitos que já vi. Junto com o segundo Assassin`s Creed, me fez pensar em como deve ser divertido trabalhar com direção de arte em games. Sabe aquele deslumbre em ver texturas realistas de àgua que se tinha quando o Playstation 3 recém tinha sido lançado? Agua é passado, bandeirinhas tibetanas ao vento e neve são a nova àgua.

Uncharted: Drake`s Fortune: uma das coisas que me fizeram gostar tanto do segundo Uncharted foi ter jogado o segundo da série antes do primeiro, e agora ver como a partes boas foram melhoradas e todas as deficiências do jogo foram corrigidas – como os cenários repetitivos, sempre selva e ruínas.

InFamous: GTA com superpoderes é uma idéia legal, e andar pela cidade pelos fios telefônicos é muito, muito divertido, mas no geral achei bastante repetitivo. Não terminei ainda, e me disseram que a partir do ponto onde estou, a história começa a ficar mais interessante. O sistema moral é didático demais (saudade do karma em Fallout 3). Apesar de não parecer, gostei do jogo, e recomendaria ele aos amigos.

Mortal Kombat vs. DC Universe
: a única parte divertida é poder lutar com os personagens da DC. Os gráficos são um lixo, e esgotei o interesse pelo jogo numa noite.

God of War 3: o jogo é impressionante e lindo de cenários e visual, embora eu sinta falta do colorido dos jogos anteriores (a paleta de cores deste aqui é bem deprê, parando para pensar). Não me incomoda a violência gratuíta e demente (a luta com Hércules, oi, que foi aquilo?), mas é interessante quando o jogo te coloca, basicamente, no papel de um personagem antipático e monomaniaco pro qual, no fundo, eu torcia pra que não tivesse sucesso, ao mesmo tempo que o jogo te faz querer seguir adiante até o fim, mesmo que o fim seja o abismo. É tanto nihilismo que terminar o jogo parecia acordar de um pesadelo divertido mas cansativo.

Lego Batman, Lego Star Wars e Lego Harry Potter: sempre digo que todo mundo que tem um videogame tem que ter pelo menos um jogo de luta em casa, pra quando vier visitas. A afirmação também se aplica aos jogos da linha Lego. Simples e divertidos na maior parte, do tipo de jogo que tanto faz em que parte se parou de jogar da última vez, você liga e joga por uma meia hora sem que te peça grande envolvimento – o que acaba sendo viciante.

2 comentários:

Maira disse...

Bacana achar teu blog por acaso (nem sei como te encontrei, pra ser sincera).

Vc fala um pouco de tudo, isso é bem legal.

Só uma dica: se você acha que Clarice tem "literatura de mulherzinha", então realmente precisa ler para entender. A Hora da Estrela é TUDO menos literatura feminina. Muito menos, aliás, do que Jane Austen.

:)

Samir Machado disse...

Oi Maira,

Apesar dos preconceitos, Clarice tá na minha lista de leituras para breve, e também Lygia Fagundes Telles.

E sim, eu tenho um pouco de "mentalidade de almanaque", gosto de tudo um pouco, ehehe.

Abraços,
Samir

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