Em qualquer tour guiado por Cusco, a história é sempre a mesma: sobre como aqui havia um templo ou um palácio inca, e como vieram os espanhóis e o destruíram para dar lugar a alguma igreja ou prédio público, ou removeram suas pedras para outro lugar. Pergunto à Marco, nosso guia no tour por Cusco, se não há um constrangimentozinho básico quando algum turista espanhol está no tour, tipo um sentimento de culpa ou algo assim. Ele ri. Explica que a primeira coisa que faz, antes de iniciar o tour, é perguntar se há algum espanhol no grupo. Quando é o caso, ele evita dizer "os espanhóis" e diz "a Conquista", mas salienta que, em geral, não há problemas com os espanhóis em si, mais com os madrilenhos, que são mais orgulhosos e patrióticos - já que catalões, por exemplo, se consideram tão consquistados quanto, segundo o guia.
Em todo caso, parece haver essa relação ambígua dos peruanos, de amor e ódio com a herança cultural espanhola, que as vezes parece ser vista mais como algo "do outro" do que "nossa" por eles, mesmo a população sendo bastante miscigenada. Não sei dizer como se dá essa relação no Brasil com nossa herança portuguesa, mas aqui ela me parece ser mais suave.
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