Dia desses, ainda em tempo de Feira do Livro, ouvi uma amiga da Lú falar sobre como achava Pedro Bandeira horrível, mas uma geração inteira o amava porque crescera lendo seus livros (e ela era de uma ou duas gerações mais antigas, pelo menos). E eu fiquei pensando, nossa, È proibido miar foi meu livro favorito lá na terceira ou quarta série do primeiro grau, tenho ele até autografado, creio. Me pergunto se eu devia evitar reler meus livros favoritos de infância, como o supracitado, ou A menina e a fantasia, de Mery Weiss, ou Príncipes e princesas, sapos e lagartos, que eu me lembro como uma pequena subversão de contos de fadas. A pouco tempo, li o último que me faltava ler de Michael Crichton, Estado do Medo. Longe de ser um livro infantil, claro, mas as ficções científicas de Crichton foram as leituras que embalaram minha adolescência, e eu tinha uma lembrança forte de tramas mirabolantes cheias de reviravoltas, revelações e cenas de ação, mas tinha esquecido – ou melhor, eu não tinha condições na época de avaliar – que estilo e linguagem passam longe dos livros dele. A caracterização dos personagens praticamente inexiste, e boa parte do ultimo livro é focada em personagens vomitando estatísticas, teorias e críticas à discussão sobre aquecimento global que, ok, ele é contra ecologia como religião e banalização do discurso na mídia, mas na prática isso faz do livro uma série de relatórios entrecortados por pequenos momentos de ação.
Eu me pergunto se Crichton estava ficando um velho ranzinza nos seus últimos livros (achei Next um porre) ou se eu finalmente perdi a paciência com o “estilo best-seller” de falta de estilo, com aquelas páginas de diálogos ou parágrafos de uma linha, sempre repetidos pra dar suspense na ultima página e criar um efeito “tchã-rãn” que, nossa, só agora percebo o quanto é cafona. Provavelmente, é um pouco das duas coisas, e olhando aqui a bibliografia dele na wikipedia, os livros dele que li mais recentemente são justamente os que menos gosto. Bem, já era hora de seguir em frente.
Mas Parque dos Dinossauros ainda mora no meu coração.
5 comentários:
Interessantes estes teus comentários, Samir. Eu não li Next nem State of Fear, mas estão todos na minha lista para ver se até o final do ano eu os resenho no blog.
Valeu! :-)
Eu não diria que não vale a leitura - isso se pode dizer dos livros do Dan Brown. Mas a constar, acho Next mais interessante que Estado do Medo, ao menos.
Eu outro dia dei uma aula inteira para meus alunos de Narratividade provando por A+B por que Dan Brown é ruim e Michael Crichton é bom. Não tem a ver só com pesquisa, mas com construção de personagens, por exemplo. Acabei agora de ler The Great Train Robbery, um dos primeiros livros dele. Sensacional, não parece de autor iniciante.
Eu li O Grande Roubo de Trem. Lembro de ter gostado bastante. Como gostei de Devoradores de Mortos, Congo, Sol Nascente. Tinham bons personagens ali.
Mas Estado do Medo não tem. Acho que talvez seja o pior livro dele. Mocinhos e vilões, todos repetidos e decalcados dos livros anteriores. Ao menos isso Next tem, uns três personagens interessantes pelo qual podemos nos interessar. Linha do Tempo e Presa, que também são dos mais recentes, acho excelentes thrillers.
E sim, talvez eu esteja sendo injusto com Crichton, após a leitura de um livro fraco dele.
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