terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dois trechos

que me pegaram de jeito. Num livro que é repleto de pequenos momentos sensacionais.

"Dentro do arco das costelas entre suas pernas o negro coração pulsava segundo a vontade de quem e o sangue latejava e as entranhas se mexiam em sua maciças circunvoluções azuis segundo a vontade de quem e os fortes ossos das coxas e joelhos e canelas e os tendões parecendo amarras de linho que puxavam e dobravam e puxavam e dobravam suas articulações segundo a vontade de quem envolta e abafada na carne da cabeça virando de um lado para outro e no grande teclado escravizante dos dentes e nos globos quentes dos olhos onde o mundo ardia".

"Logo passaram por uma touceira de cholla contra o qual pequenos pássaros tinham sido lançados e empalados pela tempestade. Passarinhos cinzentos e anônimos cravados em atitude de vôo natimorto ou pendendo frouxamente cobertos de penas. Alguns ainda estavam vivos e retorceram-se sobre as próprias espinhas quando os cavalos passaram e ergueram as cabeças e gritaram mas os cavaleiros seguiram em frente".

Todos os belos cavalos, Cormac McCarthy

Um comentário:

Enzo Potel disse...

achei o primeiro trecho horrível e o segundo genial : )

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