quarta-feira, 13 de julho de 2011

Peru - Dia 2 - Lima

Uma coisa curiosa: a semana da pátria no Perú é daqui a duas semanas (dia 28) mas desde já há decorações, promoções no comércio e uma bandeira pendurada na maioria dos prédios, quando no Brasil, muitas vezes só se percebe que é Dia da independência quando um jato passa por cima do bairro. Semana passada, Macchu Picchu comemorou 100 anos de sua descoberta para o mundo, então há ares comemorativos por toda a cidade.


Nossos planos de visitar o centro de Lima hoje foram interrompidos por manifestações e greves em função do transporte coletivo (que aqui parece ser mesmo horrível). Então hoje tornou-se o dia de visitar museus. E no mar de opções arqueológicas e museólogas, o Museu Rafael Larco foi o mais recomendado. O ingresso é caro, mais caro que de qualquer outro local de visitação turística até agora, ainda que 30 soles não seja nenhuma fortuna, entretanto, a visita valeu cada centavo, ainda mais se comparado com o Museu Nacional de Antropologia que, diferente do Rafael Larco, é público, e o acervo é bem menos interessante.

Pois bem, o Larco. Se houvesse tempo para se visitar somente um museu na cidade, eu recomendaria esse. Fica instalado num antigo casarão do século XVIII, por sua vez erguido sobre uma pirâmide inca. O casarão, fundado pelo milionário, explorador e arqueólogo amador que lhe dá o nome, é enfeitado com milhões de samambaias e flores multicoloridas que caem em cachos do topo dos muros e rampas como uma cascata. Ali está abrigada uma coleção imensa de artefatos históricos que vão de vasos (milhares, milhões, há um anexo só com prateleiras e prateleiras de vasos), peças de ouro e prata, indumentária, e uma peculiar coleção de vasos eróticos num outro anexo (e nunca mais vou conseguir olhar para uma moringa como antes).

O Larco foi suficientemente impressionante para fazer o museu seguinte, o Nacional de Antropologia, ficar sem graça (mais vasos...mais pedras...), até pq o segundo, sendo público, tem menos recursos para investir na iluminação e ambientação das salas. Um vigia do Larco nos explicou que para ir de um museu ao outro, bastava seguir uma linha azul pintada no chão da calçada, quase um mapa do tesouro bem didático, ainda que em alguns momentos, essa linha se tornasse uma abstração puramente conceitual.

Por fim, o almoço se deu num restaurante com ares de tradicional-para-turistas, o El Bolivariano. Não sei o que comi, mas tinha milho, mandioca (yuka) e carne de gado em espetinhos. A tarde, visitamos Huaca Pucllama, um complexo com os 6 hectares restantes (do que antes fora 18) de muros, prédios e uma pirâmide, erguidos com uma tecnica curiosa de tijolos de adobe empilhados uns sobre os outros de modo a se parecerem com livros numa estante. O local em si é isso, um grande labirinto que parece uma biblioteca de barro, mas as informações enciclopédicas fornecidas pelo guia turístico, sobre o povo wari (que habitou a região antes dos incas), fez valer a pena - por exemplo, o porquinho-da-índia, aqui é chamado "cuy" por uma curiosa tradição onomatopéica dos antigos incas de dar nomes às coisas pelos sons que emitiam.

Talvez seja deslumbre de turista, e afinal aqui é a capital do país, mas numa sinaleira, no caminho de volta ao hotel, vi um sujeito fantasiado de Carlitos fazendo apresentações de sinaleira, o que me pareceu mais interessante do que o mero malabarismo com calotas. A certa altura, me pareceu que até os estátuas-vivas de praça daqui são mais profissionais do que os que vejo no Brasil.

2 comentários:

roberto disse...

o peru engrandece com a tua presença.

Samir Machado disse...

o Perú é maior do que eu pensava

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