Então, passei aqui para dizer que é um livro divertidíssimo, extremamente bem-humorado, o oposto do filme do Kubrick, que é sisudo, e impressionou-me o quanto um complementa o outro. Barry Lyndon é a história de um patife, mais do que isso, de um grande babaca de sua época, interesseiro e pomposo, mas é narrado pelo próprio, em primeira pessoa e segundo sua versão dos fatos, de forma que tenta justificar e abrandar sua própria amoralidade enquanto um editor tenta, via notas de rodapé, alertar o leitor de que o narrador está enfeitando os fatos. O livro é de 1844, o que me coloca então que notas de rodapé metalingüísticas são não devem ser nenhuma novidade pós-moderna, portanto (pensei que fosse, sou ingênuo).
É interessante que o filme, enquanto fiel ao livro em quase tudo (o final difere, não há duelo), ao tirar o elemento da narração em primeira pessoa, atenta-se aos fatos crus, e sem o humor involuntário da pretensão pomposa de Barry de “seguir com sua vida de homem elegante”, o que lhe resta é um retrato patético de um sujeito fútil e superficial cujo egoísmo e sede por status o impede de ter empatia por quase todos, exceto o único filho.
Espero que hora ou outra surja uma edição nova (a minha é do Círculo do Livro, adquirida meio ao acaso num sebo), pra poder comprar para dar de presente à alguém.
Um comentário:
Na verdade, o filme do kubrick é extremamente ironico. ha uma sutileza na narração, enquanto uma afetação dos costumes e atos dos personagens. talvez revendo o filme, de para perceber como tudo é maquinalmente controlado e afetado, desde a fala do narrador em off, quanto açoes das personangens. se puder, reveja a cena em que redmond ofende o capitao que casa com a prima dele, e a reaçao do capitao.
abraço
Postar um comentário